terça-feira, 4 de setembro de 2012

O fim da Mística?

Descansem os nossos seguidores, acalmem os festejos quem tanto nos tem criticado...

Este artigo não é sobre o nosso blog e o seu fim.

Nos últimos dias de mercado o Benfica vendeu Javi Garcia e viu sair pela claúsula de rescisão o belga Axel Witsel. Nos dois casos o universo benfiquista insurgiu-se contra tudo o que podia ser alvo: Luís Filipe Vieira, Jorge Jesus, os jogadores, os russos e ingleses, o mercado, etc, etc, etc...

Já aqui escrevi que sou crítico pela forma (e valores) pela qual o espanhol saiu. Quanto ao belga, pagaram o valor de rescisão pelo que nada há a fazer. Sei que tentámos negociar este valor e subir o salário de Witsel para o segurar mas ele não aceitou.

Desportivamente são 2 jogadores fundamentais que saiem. Um porque ligava a defesa ao meio-campo, preenchia espaços e fazia a posição 6 como poucos. Outro porque vai ser, se não se perder pelas estepes russas, um dos maiores centro-campistas da sua geração, influente a atacar e defender e com margem de progressão tremenda. Tiro o meu chapéu a quem o detectou e foi buscar (Rui Costa) e conseguiu uma margem de negócio de 33,5 milhões num ano!

Financeiramente, entram na Luz 60 milhões de Euros que permitem algum desafogo e uma época sem apertos, numa altura em que é tão difícil encontrar fontes de financiamento. E com isto conseguimos algo que ninguém ainda falou: o Sport Lisboa e Benfica pode fazer esta época sem precisar de financiamentos adicionais e sem ter que, obrigatoriamente, fechar o tema das transmissões desportivas antes do fim de contrato com a Olivedesportos! Pela 1ª vez na sua história recente o nosso clube pode negociar este filão sem pressão de tesouraria que, como sabemos, reduz a margem negocial de quem vende e aumenta o poder de quem compra...

O que estes negócios mostram é que, no futebol negócio de hoje, os clubes são cada vez mais irrelevantes. Estes 2 jogadores foram acarinhados pelo público da Luz, perceberam muito bem a nossa dimensão e a cultura que se vive no Glorioso. Tanto que eram dos mais carismáticos para a massa adepta, daqueles poucos que um dia imaginávamos com a braçadeira usada no passado por Coluna, Humberto, Toni ou João Vieira Pinto. E mesmo assim, quando lhes acenaram os petrodólares (árabes e russos)... não hesitaram!

E fizeram bem, como qualquer um de nós faria se no nosso local de trabalho alguém chegasse e nos desse 3 ou 4 vezes o que recebemos hoje para mudar para uma empresa concorrente. Dir-me-ão que não, que se jogássemos no Benfica nunca faríamos isso, que teríamos que ponderar se o dinheiro é tudo, se a oportunidade se justifica, etc, etc, etc... Mas este é o risco de apostarmos em jogadores que não têm qualquer ligação sentimental com o clube. Um jogador profissional tem 10/12 anos para fazer pela vida até pendurar as botas, dificilmente por "amor ao clube" pode colocar em causa a sua vida pessoal. Até porque o clube, no momento em que não precisar dele, manda-o embora sem ter em conta o "que deu de si e dos seus enquanto vestiu a camisola"!

Dir-me-ão que noutros tempos as coisas eram diferentes. Concordo. Mas se falarem com antigas glórias do Benfica, que fizeram a carreira toda ou quase toda num só clube, encontrarão "estórias" de insatisfação pela forma como foram tratados por dirigentes, pelas "misérias" que recebiam porque, por amor, não queriam mudar para quem lhes pagasse mais. O futebol era diferente mas a natureza humana não...

Por isso, todas as felicidades do mundo para Witsel e Javi Garcia, tenho a certeza que serão grandes no futuro. Que a passagem pelo Benfica seja um belo capítulo das vossas vidas desportivas e pessoais. E um dia, quando fizerem o último jogo da vossa carreira, aquela última partida em que todo o percurso dentro das 4 linhas passa em resumo em frente aos vossos olhos, os melhores momentos tenham sido os que viveram no Sport Lisboa e Benfica!

Para quem continua a sofrer pelo Sport Lisboa e Benfica, como todos nós, fica a certeza que a Mística passa cada vez mais por cada um de nós e cada vez menos pelos jogadores e técnicos que representam o clube. A esses pagam-se salários e prémios de jogo para que ganhem. Claro que a nossa exigência para com eles será maior e a tolerância muito curta. É o futebol que temos nos nossos dias...

PMartins

1 comentário:

  1. Em que é que Javi ou Witsel são diferentes de Fábio Coentrão ou Rui Costa ? Concordo com o que dizes que a mística está e sempre vai estar nos sócios. Um jogador de futebol é um profissional e como tal irá procurar sempre o melhor para si e para a sua família.

    Infelizmente mesmo os formados no Benfica preferem ganhar 300 ou 400 mil euros por mês fora da Luz, que 100 mil euros/mês a representar o glorioso.

    Nós os sócios e adeptos não somos assim, não trocamos o Benfica por dinheiro, mas isso do amor à camisola é chão que já deu uvas

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